segunda-feira, 19 de abril de 2010


DOURO MEU, MEU DOURO

É tão fácil ser poeta
entre as colinas do Douro!
Acho que Deus, que foi Deus,
não resistiu e foi mestre
em perfeito arrebatamento
de inspirado criador!
E, em êxtase de primor,
moldou suaves texturas,
enfeitou-as de luxúria,
escreveu nelas a (D)ouro,
tocou de leve o macio
ventre da terra a quem deu
dons e graças de mãe fértil!...
E não ainda satisfeito,
querendo o quadro perfeito,
pintou o sol de calor,
e do céu escorreu a cor
que lavou nas águas doces
do rio traçado a amor
nos mansos vales fecundos...
Mas Deus, que foi Deus,
tocado de empenho profundo,
achou incompleta a obra,
e por amor ordenou
que o Homem lhe desvendasse
o mistério da beleza,
e para sempre guardasse,
em labor de perfeição,
a Terra que elegeu
como Sua dilecta obra...
Não sei se é por ser minha,
mas esta dádiva divina
é inspiração que me toma
em poesia, em veneração,
sempre que olho os vinhedos
ajoelhados em prece
sobre o rio em procissão...
E recito sempre um poema,
quando chego à sua estrema...
É tão fácil ser poeta
entre as carícias do Douro!...





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