segunda-feira, 19 de abril de 2010

RAMO DE VINDIMA*


Se um rio passar por mim,
na foz que ainda não sei,
será de ouro o meu fim
e a chave com que fechei
o serpear entre vinhas.
Seja então eu raíz doce
de vozes que não são minhas,
mas do amor que me trouxe...
Se um rio passar por mim,
que seja o Douro, corcel,
e me arrebate ao selim,
que quero ser azemel
de novidade esperada,
levar ao mundo, cantando,
ecos de terra lavrada
na voz que vou calejando...
Se um rio passar por mim
a juzante desta terra,
seja a saudade coxim
onde a minh'alma se entrega
dos cansaços desta lida
rio abaixo-terra acima,
nos rabelos desta vida,
nos calços da minha teima

e num ramo de vindima...


*O ramo da vindima simboliza o final da colheita e é feito pelos vindimadores para oferecer ao patrão, no almejo de boa gorjeta.








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