terça-feira, 18 de maio de 2010

RESGATE D'OURO


Atirei os olhos ao rio
Como quem ao mar se lança
Num barco de esquecimento,
Tentando afogar a frio
O calor do pensamento...

As águas fundas salvaram-nos,
Em pétalas de ondas mansas
Que a brisa elevou em sopro
E de volta os entregaram
À praia ignota, meu corpo.

Vinham repletos de azul,
Que do céu nunca se cansa,
Os meus olhos resgatados!,
E do ouro do seu pecúlio
O rio os trouxe enfeitados!

E das vinhas, em altar-mor
De talha d'áurea fartança,
Recolheu uma oração
E espelhou-a em amor
Nos meus olhos e coração...

Fez-se de veludo o brilho
De todos os tons da esperança,
O fulgor dos olhos meus!...
E como quem segue um trilho,
Ergui-os, em graça, aos Céus!

E como quem nina um filho
E nos braços o balança,
Na alma tomei o Douro,
E em precioso caixilho
O guardei, como tesouro!...



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